Os trabalhadores nos EUA

Posted: domingo, 28 de junho de 2015 by Vinícius Soares in Marcadores: , , ,
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Texto publicado em 01-05-2014

Por Vinícius Soares

O sistema financeiro sempre tenta colocar o ônus de suas crises nas costas dos trabalhadores, assim aconteceu em diversos países, como no Brasil, e está acontecendo na França e nos EUA. Com a justificativa de que os direitos sociais, como os direitos trabalhistas, são os entraves para o crescimento econômico das nações, o sistema coloca seus tentáculos em todas as vias para suprimir os direitos já conquistado pelos trabalhadores à custa de muita luta e sangue.

Um dos direitos conquistados nos EUA, a redução da jornada de trabalho diária, foi uma consequência da greve de operários em 1886. Em maio daquele ano, operários em Chicago foram protagonistas de uma grande greve, que tinha como uma de suas reivindicações a redução da jornada de trabalho – estes operários trabalhavam em torno de 14 à 17 horas por dia na fábrica. No dia 1 de Maio, foi a última manifestação deles que não teve repressão policial. Depois dessa data, centenas foram presos e condenados à prisão perpetua, com oito lideranças do movimento sendo condenados à morte na forca.

O primeiro de Maio, une os trabalhadores pelo mundo contra as forças exploratórias da oligarquia financeira, dos monopólios e das forças políticas conservadoras em busca de melhores condições trabalhistas. Mas enquanto em diversos países o primeiro de maio é feriado nacional, e os trabalhadores unem-se e saem às ruas contra a exploração do trabalho ou até mesmo ficam em casa descansando com a família, os trabalhadores americanos terão que ir ao seu posto de trabalho para completar a sua jornada de trabalho, que em sua maioria são jornadas exploratórias.

A exploração dos trabalhadores na “democracia americana”, que muitas vezes é vista como modelo na relação empregado-empregador, é uma consequência direta do liberalismo do sistema econômico e político dos EUA. Esse sistema preza que o cidadão é livre para construir seu futuro através de sua força, mas para isso o Estado tem que se abster e não pode interferir no mercado e em outros setores, principalmente nas relações trabalhistas.  Essa abstenção do Estado, só não é verdadeira quando refere-se ao Estado a competência de flexibilizar e extinguir os poucos direitos que os trabalhadores americanos possuem.

A abstenção do Estado somado a mão poderosa da burguesia e dos burocratas permitiram que os EUA se tornasse um país onde os trabalhadores não possuem proteção contra as arbitrariedades que as empresas cometem. Os trabalhadores além de receberem baixos salários e trabalhando intensas jornadas de trabalhos, não têm direitos à indenizações por quaisquer circunstância nas demissões.  Além disso, os trabalhadores americanos não têm direito à descanso semanal, férias remuneradas, adicional noturno ou auxílio-doença. No caso dos empregadores que fornecem plano de saúde à seus empregados, o benefício compreende apenas o trabalhador, excluindo-se a família.

Os EUA é um dos cincos países do mundo que não dão licença-maternidade, tampouco provêm licença-paternidade ou direitos da mulher amamentar durante o seu período de lactação, o qual reduz significativamente a desnutrição infantil. De todos os trabalhadores que perdem seu emprego, apenas 1/3 dos trabalhadores conseguem ter acesso ao seguro desemprego, o qual paga 50% do salário que ele recebia. Para se ter acesso à esse benefício, o desempregado tem que provar muitas coisas, uma delas é a de que está procurando incansavelmente um novo emprego e tem por obrigatoriedade aceitar qualquer outra oferta de trabalho, mesmo que este seja com graves afrontas aos direitos humanos. E mesmo que a América autoproclame-se como defensores dos direitos humanos, os EUA permitem que empresas, como McDonalds, Wal-Mart, Gap e Amazon possam ferir os direitos humanos em busca de baratear seus produtos e vender mais.  E nessa busca pelo lucro as empresas dão preferência aos contratos de trabalho com menos de 28 horas semanais (meio período), para que elas sejam isentas de prover algum benefício ao trabalhador.

Democracia não é apenas o direito ao voto universal, mas também é a garantia de direitos sociais e humanos para tod@s. A carência de direitos sociais na “democracia” dos EUA além de demonstrar a superficialidade de uma suposta democracia regida pelo liberalismo político e econômico, demonstra também a real necessidade da união das forças dos trabalhadores para mudar o sistema em busca de construir uma sociedade mais igualitária e justa para todos.



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